Arraia encontrada no Rio Madeira. Nome cientifico Potamotrygon motoro, com tamanho de 60 cm (Foto: Bruno Barros/Unir/Divulgação)
Uma pesquisa feito na Bacia do Rio Madeira, em Porto Velho, encontrou peixes que não passam dos 30 centímetros de comprimento e que possuem estruturas ósseas, morfologia dentária, padrão de cores, olhos e número de escamas nunca antes descritos pela ciência. As 40 novas espécies ainda serão catalogadas e reconhecidas científicamente.
Seja em dois metros de profundidade, seja em 60 metros, o Rio Madeira não para de surpreender. A maior parte dos novos animais encontrados são de pequeno porte, que dificilmente atingem mais de 15 centímetros e são encontrados em profundidades de dois a 60 metros.
Peixe raro encontrado somente em lençóis freáticos. A espécie não tem olhos (Foto: Unir/Divulgação)
"Descobrir exemplares novos também pode ser um indicativo de que determinada espécie está se extinguindo antes que possamos conhecê-la e isso pode ser um reflexo da interferência humana no ecossistema", reflete o biólogo e coordenador do inventário taxonômico da pesquisa, João Alves de Lima Filho.
Uma das novas espécies encontradas. Nome cientifico Ageneiosus sp n vittatus (Foto: Bruno Barros/Unir/Divulgação)
Foram monitorados 1,7 mil quilômetros do Rio Madeira, entre os estados de Rondônia, Mato Grosso e Amazonas. Foram catalogadas 907 espécies, o que garante ao Rio Madeira o primeiro lugar como o rio mais em diversidade de peixes do mundo.
Uma coleção de ictiofauna [estudo dos peixes] está sendo montada por biólogos e pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia (Unir) a partir do resultado do monitoramento, que foi desenvolvido durante quatro anos para conhecer as consequências da construção da Usina Hidrelétrica Santo Antônio. Os estudos fazem parte das condicionantes impostas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a liberação da Licença de Operação à concessionária Santo Antônio Energia.
Esta já é a coleção que possui o segundo maior banco de registros genéticos do Brasil, com 16 mil amostras e também o terceiro maior em número de espécies.
Loricarideo em reprodução, com os ovos no ventre. Uma das espécies que fazem parte da coleção de ictiofauna da Unir (Foto: Diogo Hungria/Unir/Divulgação)
Segundo o biólogo coordenador da coleção, João Alves, todas os indivíduos que não foram identificados estão em processo de estudo.
O estudo é feito manualmente, a medição e análise das caracteríscas e do ambiente. Além disso, é feita a aferição do código genético dos animais encontrados.
"No final, para divulgação da nova espécie e suas especificidades é redigido um artigo científico que é publicado para que a comunidade científica tome conhecimento da descoberta", conta João Alves.
Espécie rara na Bacia Amazônica, encontrada apenas em regiões profundas do rio. Nome cientifico Planiloricaria cryptodon com tamanho aproximado de 25.3 cm (Foto: Unir/Divulgação)
O estudo para a publicação de um artigo como este demora em média um ano e meio. “O primeiro passo é descrever essas espécies, e posteriormente iniciar os estudos de sua biologia e ecologia”, conta João Alves.
Monitoramento e captura
Os pesquisadores vão à campo no Rio Madeira e seus afluentes com uma metodologia padronizada de captura dos animais.
Captura dos animais para estudo e monitoramento da ictiofauna na Bacia do Madeira. Aplicação da metodologia de rede de cerco. (Foto: Maria Fonseca/Unir/Divulgação)
Larissa Matarésio
Do G1 RO
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